sexta-feira, 30 de setembro de 2011

0 Eterno amante


Depois de tanto tempo, eu agora consigo dizer seu nome indiferente. Mas isso não quer dizer uma mudança, isso quer dizer que sou fraca. Pois eu finjo, apenas finjo que tenho coragem de dizê-lo. Que não sinto mais a doce vontade, que não sinto o desejo. Que me atinge, excita-me, enlouquece-me.
E você age tão indiferente, e a cada palavra fria e sem sentimento sua me fere como uma adaga entrando bem devagar no meu peito. As vezes duvido que um dia tenha a coragem amar, de conseguir amar.
Eu sentia dor quando te via, você é um espelho pouco distorcido da realidade. Você é igual a mim, o doce veneno do desejo penetra na sua veia e implacável, mas você se mantém indiferente. Matando e corroendo-me. Há! Todos podem dizer - até mesmo você - que eu não o amo. Mas sei que sim, sei oque sinto, sei oque temo, sei oque desejo. E eu te sinto, eu te temo, eu te desejo. Eu quero fazer parte de um pedaço do seu coração, mas você o deixou esfriar. Ficou frio e duro como gelo. Ele apenas aquece a sua musica, a única coisa que nunca lhe deixou confuso, nem lhe magoou.
Não se preocupe meu amor, meu veneno é quente, e o aquecerá. E ele lhe deixará apenas quando desejar, cada pedaço de cada parte do meu corpo será seu, quando disser o que eu tanto quero ouvir. Não quero apenas ouvir, quero sentir. Depois de feito, desfrutará de todo o amor que eu puder dar-te a ti, meu eterno amante. Não me faça esperar mais tanto tempo.

domingo, 18 de setembro de 2011

1 Labirintos


Saudade febril, insana, momentânea e permanente. Contraditória nos sentidos mais primários.  Apresenta-se diante de paradoxos ridiculamente criados por minha conexões sem nexo (tudo em prol de um pretexto). Sinto-te. É incrível a dor pela qual procuro e insisto nos becos sem saídas de minha mente. Loucos devaneios pelos quais anseio e fujo incansavelmente para logo depois entregar-me. Já não sei do que corro. Muitas das vezes, persigo à meu próprio perseguidor. Saudade de teus carinhos inexistentes — é muito aí em que me confundo — teus sorrisos distantes que cegam-me em meio a neblina. Nas fumaças que eu costumo criar, não sei quem é você. Perdi-me na tênue linha entre realidade e fantasia do que eu amo, do que costumava amar, de quem já não sei o que esperar. De ti e dos outros. Dos amores infinitos que brotam de mim de forma inconstantes, em limites improváveis. Paixões volúveis entre mim e mim mesma. Entre ti e tua outra face. Confundo-me nas minhas infinitas florestas que jamais pensei que poderiam existir. Cansei de ser ambígua, porque já não sei guiar-me em meus próprios labirintos e bifurcações. E é ridículo o quanto isso pode doer.

(Quero sinais. Quero vermelho impresso em teus azuis inacabados e frágeis. Quero meu vermelho em teus roxos violentos. Quero beijos de tuas cores agressivas.)
Escritora: Giulia Fontes 
Blog: into wasteland
 
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